Há uma aspereza ardida cutucando a parede
Ou a minha vida.
Há uma farpa afiada decalcando a pintura
Ou a minha coxa.
Um insistente fogo queima uma palha ao longe.
Estrelas crepitam fátuas e etéreis no tapete onde eu me deito.
As árvores lá fora despejam o seu perfume.
E o cheiro da noite é doce
Como o meu quando derrama-se em oferenda a ti
Como a tua saliva misturada à minha
Ou à minha carne.
As texturas dentro de mim são rústicas
Como os teus pelos roçando minha pele.
Algo me foge.
Algo volta a mim.
Num fluxo excitante vou formando as tuas curvas.
Livros vazios escrevem minhas histórias.
Canetas invisíveis arriscam e esboçam os meus traços fartos.
Desenho-me inteira na parede, na pintura, na noite
Ou em ti.
Eu te escrevo com o meu corpo.
Eu te trago com o meu gozo.
Num movimento erótico e penetrante
Mergulho na densidade dos teus instantes
Ou me perco.
Há em cada parte da minha pele um altar ao teu nome.
Assim sacio a minha fome.
Descrevo num suspiro o que o meu corpo pulsa.
Trancafiada nesse sonho de te ter mais fundo e perto
Ou eu morro
Ou desperto.
Van Luchiari ©
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