Um anjo em fúria qual uma águia cai do céu;
Segura, a garra adunca, os cabelos do ateu
E, sacudindo-os, diz: “À regra serás fiel!”
(Sou teu Anjo guardião, não sabias?) És meu!
Segura, a garra adunca, os cabelos do ateu
E, sacudindo-os, diz: “À regra serás fiel!”
(Sou teu Anjo guardião, não sabias?) És meu!
Pois é preciso amar, sorrindo à pior desgraça,
O perverso, o aleijado, o mendigo, o boçal,
Para que estendas a Jesus, quando ele passa,
Com tua caridade um tapete triunfal.
O perverso, o aleijado, o mendigo, o boçal,
Para que estendas a Jesus, quando ele passa,
Com tua caridade um tapete triunfal.
Eis o amor! Antes que a alma tenhas em ruínas,
Teu êxtase reaviva à glória e à luz divinas;
Esta é a Volúpia dos encantos Celestiais!
Teu êxtase reaviva à glória e à luz divinas;
Esta é a Volúpia dos encantos Celestiais!
E o Anjo, que a um tempo nos exalta e nos lamenta,
Com punhos de gigante e anátema atormenta;
Mas o ímpio sempre diz: “Não serei teu jamais!”
Com punhos de gigante e anátema atormenta;
Mas o ímpio sempre diz: “Não serei teu jamais!”
Charles Baudelaire (tradução Ivan Junqueira e Jamil Haddad)