BANHAR-SE

Banhar-se... Sempre foi mais que o ato de lavar e limpar o próprio corpo. Sempre foi um ritual que eu seguia com uma religiosidade quase obsessiva. 

O toque delicado das mãos que acompanham o escorregar fluido da água,

o próprio toque da água... 
O barulho da água batendo no corpo e depois no chão faz com que o único som que eu possa ouvir seja o dos meus próprios pensamentos. 
E nos meus pensamentos eu expulso o que há de sujo, o que dói, o que é ruim. 

Deixo sair o que há de impuro. 
Renovo-me como uma criança que acaba de deixar o útero úmido da mãe. 
Renovo-me para o desconhecido, nasci e agora vou banhar-me em outras águas. 
Nadei enquanto fui feto e agora me ponho a nadar em águas mais profundas e frias.

Moon

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