BANHAR-SE



Banhar-se... Sempre foi mais que o ato de lavar e limpar o próprio corpo. Sempre foi um ritual que eu seguia com uma religiosidade quase obsessiva. O toque delicado das mãos que acompanham o escorregar fluido da água, o próprio toque da água... O barulho da água batendo no corpo e depois no chão faz com que o único som que eu possa ouvir seja o dos meus próprios pensamentos. E nos meus pensamentos eu expulso o que há de sujo, o que dói, o que é ruim. Deixo sair o que há de impuro. Renovo-me como uma criança que acaba de deixar o útero úmido da mãe. Renovo-me para o desconhecido, nasci e agora vou banhar-me em outras águas. Nadei enquanto fui feto e agora me ponho a nadar em águas mais profundas e frias.

0 comentários:

Postar um comentário

Jukebox

 
↑Top